No ano passado, o Ceará perdeu 37,3 mil empregos formais, segundo o Ipece, com base em dados do Caged
Em 2016, o Ceará foi o Estado que mais perdeu postos de trabalho no País, com a eliminação de 37.392 vagas formais, segundo estudo do Instituto de Pesquisa e Estratégia Econômica do Ceará (Ipece) sobre desempenho do emprego celetista cearense em 2016. Entre os oito setores analisados pelo Ipece, o da construção civil foi o que eliminou mais postos de emprego com carteira assinada, com um saldo negativo de 15.054 vagas, seguido pela indústria de transformação (-9.741 vagas) e pelo comércio (-6.888 vagas).
“O que a gente pode notar é que, os setores mais afetados pela crise foram aqueles mais sensíveis ao crédito, como a construção civil, que é altamente dependente e por isso acabou sofrendo mais, e o comércio”, diz Alexsandre Lira Cavalcante, analista de Políticas Públicas do Ipece. No Ceará, todos os setores apresentaram redução de vagas formais em 2016.
Depois do comércio aparecem os setores de Serviços Industriais de Utilidade Pública (-2.423 vagas); Agropecuária, Extrativa Vegetal, Caça e Pesca (-2.107 vagas); Serviços (-839 vagas); Extrativa Mineral (-235 vagas); e Administração Pública (-105 vagas).
O Ipece destaca ainda que o mercado de trabalho formal no Estado esboçou uma tímida recuperação em agosto e setembro de 2016, mas voltou a registrar fechamento significativo de vagas nos meses finais, conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged).
Recuperação
Embora a perda de vagas formais tenha sido maior em 2016 do que em 2015, Alexsandre Lira diz que o resultado negativo do ano passado foi influenciado, sobretudo, pelos números do primeiro trimestre. “Exceto pelo primeiro trimestre, que acompanhou o comportamento de 2015, ao longo de 2016 a gente teve um comportamento de melhora do emprego formal no Estado”, ele diz. No acumulado de 2015 foram perdidas 34.336 vagas com carteira.
No entanto, o estudo aponta que mesmo com o menor ritmo de perda de vagas formais, os efeitos da crise econômica ainda não parecem ter chegado ao seu auge, com relação a redução de empregos com carteira assinada. O Ipece avalia que, mesmo diante de um quadro adverso de forte recessão econômica observada até o final do ano de 2016, é esperado para o ano de 2017, que as políticas de controle fiscal acompanhadas pela maior estabilidade da economia possam gerar os efeitos esperados relacionados à retomada da atividade produtiva e, consequentemente, a retomada do processo de contratações.
“É óbvia a desaceleração do ritmo de fechamento de vagas de trabalho na economia cearense quando se comparam os 4º trimestres dos últimos dois anos, revelando os primeiros sinais de uma possível melhora do mercado de trabalho local”, diz o Ipece, no documento.
Segundo Alexsandre Lira, um dos fatores que podem contribuir para a criação de vagas formais são os recursos que serão injetados na economia por meio dos saques das contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS). “Esse é um fator importante porque é um valor significativo para a economia local”, diz o analista. Segundo a Caixa, ao todo 533.822 trabalhadores cearenses poderão sacar o benefício, somando um total de R$ 518 milhões.
No Brasil, o ano de 2016 foi de intensa perda de vagas com carteira assinada (-1.332.272 vagas). Mas, diferente do que ocorreu no Ceará, o resultado foi inferior ao de 2015 (-1.534.989 vagas), em mais de 200 mil vagas, revelando uma reversão do comportamento de perda de vagas.
Data da publicação: 16 de março de 2017
FONTE: http://site.fcdlce.com.br/16032017-dn-ce-foi-10o-estado-que-mais-fechou-vagas-de-trabalho/